Le Corbusier

Estou fazendo dois ótimos cursos na Arena com a Professora Maria Helena Bernardes, um de Arte Contemporânea e outro de Teoria da Arte – A Escola de Frankfurt. Ontem, durante a aula sobre a Escola de Frankfurt, lemos o texto “A Indústria Cultural: o Esclarecimento como Mistificação das Massas”, escrito em 1947 por Adorno (olha ele de novo aí!) e Horkheimer. Já no segundo parágrafo, eles citam “[…] projetos de urbanização que, em pequenos apartamentos higiênicos, destinam-se a perpetuar o indivíduo com se ele fosse independente, submetem-no ainda mais profundamente a seu adversário, o poder absoluto do capital.”

A prof. Maria Helena explicou que essa citação se refere à idéia de “máquina de morar” de Le Corbusier. Ele “pensava que a casa deveria ser bonita e confortável, mas também lógica, funcional e eficiente (uma ‘máquina de morar’), perfeitamente apta para atender às necessidades dos ocupantes.” (fonte) O grande exemplo dessas unidades de habitação é um edifício em Marselha, concluído em 1952 (o primeiro de 5 edifícios como esse). O texto sobre esse assunto no Wikipedia é um bom resumo do projeto.


Unité d’Habitation de Le Courbusier

Essas habitações foram pensadas após a Segunda Guerra Mundial e de encontro com um pensamento funcional. A minha leitura foi bastante limitada (li um livro pequeno sobre Le Corbusier da Editora Paisagem e pesquisei inúmeros sites), então, não tenho autoridade para dar uma opinião consistente sobre as unidades de habitaçãode Le Corbusier. Mas, pelo que eu li, vi que ele tinha sim uma preocupação com o bem-estar das pessoas dentro de suas casas e com o contato delas com a natureza ao redor. Quando a professora falou sobre as “máquinas de morar” eu imaginei um ambiente muito frio, muito impessoal. Mas olhando imagens e lendo sobre o assunto, percebi que Le Corbusier, apesar de sua grande conexão com a era industrial, estava preocupado com o lado orgânico da vida, digamos assim. Basta ler sobre seu conceito de “ville radieuse” (inspirado no Rio de Janeiro), onde ele prioriza a manutenção de áreas verdes. Sobre isso há um texto muito bom chamado Vigência dos critérios (ambientais) de projeto de Le Corbusier escrito por Juan José Mascaró, arquiteto, Professor da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Passo Fundo, RS, Doutor em Arquitetura pela Universidade Politécnica da Catalunya, Espanha, Pesquisador FAPERGS. Lendo esse texto vi o quanto Le Corbusier gostava de árvores e jardins-suspensos e que prorizava a luz natural em seus projetos.

Enfim, eu comecei a estudar Le Corbusier agora (hoje pra ser mais exata hehe) e tenho um longo caminho pela frente! Mas quis compartilhar o que aprendi com pessoas que como eu, estão entrando agora na Arquitetura 🙂

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Uma resposta para Le Corbusier

  1. Juanito disse:

    Parabéns pelo blog e pelo texto.
    Também sou um “jovem arquiteto”, e cheguei a seu texto enquanto procurava justamente essa famosa frase do Le Corbusier. Eu apresentei um seminário cujo tema era “Cidade-máquina”, que, a grosso modo, falava da Arquitetura Moderna e principalmente de Le Corbusier. Na época da pesquisa para esse seminário, a minha opinião sobre a frase do arquiteto suiço foi um tanto diferente da sua. Entendi que ele quis dizer com “máquina de morar” como uma casa que atendesse a todas as necessidades humanas, sejam elas fisiológicas ou sociais, então, ela também deveria ser confortável e não um ambiente frio e inumano, como você mesmo disse. Acredito que o que Adorno quis dizer com a citação acima foi que essa casa – que deveria funcionar tão bem e tão organicamente como a máquina do corpo humano – na tentativa de criar um modelo “ideal” para se adequar às atividades da “liberdade” humana, acaba impondo limitações a este. Isto é, o ser humano deixa de ser o agente ativo na constituição de sua moradia para ser um sujeito passivo que deve viver e conviver com as funcionalidades que a “casa-modelo” provê (e impõe) a ele, como quando dizemos que “celular é essencial”, quando na verdade é apenas um produto da nossa era. Na minha humilde opinião de um mero estudante de Arquitetura, Adorno parece nos alertar sobre os riscos da categorizações de “necessidades” impostas pelo sistema capitalista. Mas isso já é outra história e daria pano pra muita manga!
    Tenho que repetir, gostei muito do blog, e desculpa o comentário extenso, mas eu me impolguei com sua linha de raciocínio. Acho legal esse intercâmbio de idéias.
    Mais uma vez, parabéns!

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